"Danny Collins" ou "as tretas que temos que fazer para pagar contas"
Era uma vez um promissor jovem cantor que se deixa engolir para indústria discográfica. Embora deixando de ter identidade própria enquanto músico, Danny Collins (representado por Al Pacino) constrói uma carreira sólida por quatro décadas e aparentemente tem tudo o que se pode desejar: dinheiro, fama, jacto privado, carros desportivos topo de gama, uma noiva com ar de coelhinha da Playboy e uma legião de fãs (já geriátricos) que o adoram e seguem religiosamente para todo o lado a ouvir as mesmas canções de sempre.
A vida monótona da estrela rock decadente volta a brilhar quando recebe uma carta que havia sido escrita por John Lennon, o seu ídolo e quem o inspirou a começar nas lides musicais. A partir daí desenrola-se a história de auto-descoberta de Danny Collins, numa tentativa de redimir erros passados e reencontrar-se consigo e com a sua música.
O restante elenco é composto por Christopher Plummer (o eterno Capitão von Trapp), na pele do manager e amigo de longa data, Bobby Cannavale, o filho rejeitado, Jennifer Gardner, no papel de "nora-soccer mom" de Nova Jérsia e Annette Bening, desaparecida do grande ecrã há já algum tempo.
Para mim Al Pacino faz uma excelente encarnação de cantor pimba decadente que quer tentar voltar a ter mão sua carreira. Mas tudo caí por terra quando o seu público fiel não o deixa sair da zona de conforto e o impele a cantar as mesmas cantigas de sempre. É aí que Danny Collins se depara com uma realidade que tantos de nós temos que enfrentar todos os dias: fazer o que gostamos realmente e arriscar a não ter tostão ou engolir os sapos do costume e continuar a fazer aquilo que nos paga as contas (e no caso dele as contas incluíam o jacto, os carros, desportivos, as festas...)
A banda sonora de Danny Collins está repleta de canções de John Lennon, o que por si só é uma mais-valia.
"Danny Collins" é inspirado na história veridica de Steve Tilston, um cantor britânico a quem John Lennon escreveu, em 1971, após ter lido uma entrevista do aspirante a cantor/músico. Steve Tilston só recebeu a carta de Lennon 34 depois.