Se perderam o Ano Novo de há um mês atrás, não deseperem hoje têm outro para comemorar.

Começa o Ano Novo Chinês, este ano gerido pelo Macaco. Ora nos outros anos pode ser mais difícil de comemorar, pois não costuma calhar com um feriado mesmo ao lado. Este ano, encostado ao Carnaval podemos optar pela folia que mais nos apraz...

“Begin Again” parece-me que passou pelas salas portuguesas um bocado despercebido. Eventualmente, a participação de Adam Levine como um dos actores da trama terá chamado algumas pessoas (público feminino) ao cinema, embora a participação dele seja residual. As estrelas são Mark Ruffalo e Keira Knightley.

Há uns dias, numa daquelas tardes de fim-de-semana em que não apetece fazer nada, decidi ver o filme. Não estava com grandes expectativas sobre o enredo e apenas conhecia uma das canções do filme, Lost Stars, que chegou a ser nomeada para os Óscares.

Bom, para mim o filme tem uma das melhores bandas sonoras de canções pop dos últimos tempos. Letras bem conseguidas, simples, easy listening, amores desfeitos, mas reconstruções e recomeço. Além da mais conhecida “Lost Stars”, adoro “Tell Me If You Wanna Go Home”. Embora Keira Knightley não tenha o vozeirão da Queen B, o tom adapta-se perfeitamente à canção.

Begin Again é uma história de pessoas, mais ou menos comuns que estão ligadas o mundo da música e que a sua vida é afectada de forma mais ou menos grave por causa disso. O jovem casal romântico formado por Keira Knightley e Adam Levine é separado pela tourné e por alguém que se mete no meio dos dois. Sozinha em Nova Iorque, a personagem de Keira Knightley vai ao encontro de um velho amigo para a ajudar naquele momento de separação, enquanto não regressa a Inglaterra. O amigo canta em bares e é aí que Knightley conhece o personagem de Ruffalo, um editor discográfico alcoólico e caído em desgraça que tem uma epifania ao ouvir uma melodia escrita e interpretada pela jovem autora.

Neste contexto, surge uma proposta algo louca mas por isso mesmo irrecusável, gravar um disco com os sons da cidade em conjunto com uma “banda” formada para as gravações. Cada um, uma espécie de “outcast” à sua maneira. O pianista deprimido que toca nas aulas de ballet, os alunos prodígio do conservatório, a filha adolescente que tem uma relação complicada com o pai ausente... 

Durante as gravações pela cidade, as personagens saram as suas feridas, crescem, tornam-se mais fortes sem perderem a sensibilidade. Recomeçam a viver, novamente, diferente do que foram, mas sem esquecerem o que os levou até ali.

Parece que “Begin Again” esteve para se chamar originalmente “Can Save Song Your Life?” Não sei se uma canção poderá salvar uma vida, mas pode certamente marcá-la como um novo recomeço.

Inês Fonseca editou agora o seu primeiro livro, “O Mundo Começa Aqui”, pela Chiado Editora. O livro conta a trajectória da família da autora pelo mundo das artes, o seu amor incondicional pela música, a sua emigração, o seu avô e até pequenos detalhes do dia-a-dia, vários foram os temas que a inspiraram, que apesar de diferentes, todos se interligam para entregar uma mensagem final de que, apesar de não podermos mudar o mundo, podemos começar por nós.

O livro custa 12€ e arte das receitas serão doadas à ProNobis, uma instituição sem fins lucrativos criada para providenciar aos profissionais do sector artístico soluções e condições de trabalho mais justas e mais seguras. Esta foi a forma que Inês Fonseca encontrou para homenagear todos aqueles que tiveram a coragem de se dedicar em pleno à sua vocação, à arte, mesmo com todas as dificuldades que isso implica, a precariedade, a falta de apoios, uma condição fiscal que não permite o acesso a baixas, subsídios ou reforma.

No primeiro capítulo do livro, que conta com diversos nomes do panorama cultural Português, que explica o porquê de parte das receitas do livro reverterem a favor da Pro Nobis. O livro está disponível em todas as livrarias, incluindo wook.pt e chiadoeditora.com