Parece que está na moda agarrar em personagens de autores (mais ou menos) consagrados e reescrever a sua história. Foi isso que fez Erika Leonard James que agarrou nos personagens de Twilight e no seu blog os pôs a pinar como gente grande. (Ups! Pardon my french! Mas nunca disse que este blog era ara menores de idade.) O problema é que a autora de Twilght ainda está vivinha da silva e não gostou que os seus vampirinhos puros e castos começassem com brincar ao quarto escuro e a amiga Erika teve que mudar o nome dos seus personagens. Com enorme sucesso, ainda assim.
Mais sorte tem Mitch Cullin, já que Sir Arthur Conan Doyle já não está entre nós, e o seu Sherlock Holmes está livre para “fazer” o que quiser. Cullin pegou no fleumático Sherlock Holmes, envelheceu-o e tornou-o numa espécie de avozinho simpático que tem histórias para contar. Ou seja, humanizou-o. É certo que mantém alguma frieza e uma certa arrogância, característica do personagem enquanto jovem, mas consegue ser humilde o suficiente para admitir os erros.
O filme “Mr.Holmes”, baseado no livro de Cullin, traz uma nova perspetiva da vida do detetive mais famoso do mundo. Passado no pós Segunda Guerra, temos um nonagenário Sherlock Holmes que enfrenta os lapsos de memória e as limitações físicas tal qual o mais comum dos mortais.
A história decorre em 1947. Sherlock Holmes regressa de uma viagem ao Japão, onde, na senda para recuperar a lucidez, procura uma planta rara com poderosas propriedades curativas quase milagrosas. Na sua viagem ao Japão derrota do pós-guerra, Sherlock Holmes testemunha a devastação das bombas nucleares. De regresso à sua quinta em terras de sua majestade, o outrora prodigioso Holmes enfrenta os últimos dias a cuidar das suas abelhas, apenas com a companhia da sua governanta e de Roger, o filho desta.
A amizade entre Holmes e Roger cresce, um pouco a contragosto da mãe. É o pequeno Roger que ajuda o brilhante detective a enfrentar os receios da diminuição das suas capacidades mentais e recordar as circunstâncias do caso não resolvido que o obrigou a reformar-se. Aliás o pequeno Roger assume-se como um promissor sucessor de Dr. Watson como braço direito do grande detective. Na companhia de “mentes mais simples”, Mr. Holmes vai encontrar as respostas para os mistérios da vida e do amor.
Sir Ian McKellen faz (como sempre) um fantástico Sherlock Holmes: a postura, o andar altivo, a entoação enigmática e o olhar desdenhoso para os “pobres de espírito”. Laura Linney encarna perfeitamente a governanta e o pequeno Milo Parker compõe Roger - uma criança órfã de pai e que busca em Sherlock Holmes uma figura paterna.
Em suma, um filme a não perder embora não seja o enredo "tradicional" de uma história de Sherlock Holmes.