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Universe Blast

Universe Blast

Laços de sangue...

... ou as consequências de partilhar ADN com pessoas que por vezes nos apetece atirar ao mar

Comecei a ver Bloodline algo reticente... História de uma família fofinha americana, passada num cenário paradísico deixou-me de pé atrás, mas a introdução inicial do narrador, o personagem “John Rayburn”, fiquei intrigada: “Não somos más pessoas mas fizemos uma coisa má”.

 

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A primeira temporada decorre lenta – a condizer com o calor das Florida Keys onde a história decorre, mas entra nos eixos e cativou-me. A segunda temporada começa um bocadinho mais acelerada e a tentar remediar os erros cometidos na primeira.

 

Sem entrar em grandes detalhes, para quem não conhece, a história gira à volta da família Rayburn é dona de uma pequena pousada à beira mar no arquipélago das Keys. Tudo corre lindamente para a família – adorada por toda a comunidade. O patriarca Robert Rayburn (Sam Shepard) casado com a dócil e pouco dada a tomar decisões complicadas Sally (Sissy Spacek). Três filhos do casal permanecem muito próximos aos pais: John (Kyle Chandler), o filho responsável, Meg (Linda Cardellini), a advogada que toma conta das burocracias da família e Kevin (Norbert Leo Butz), o filho mais novo e um tanto desequilibrado... Tudo corre bem no paradisíaco reino das Keys até reaparecer o irmão mais velho, a ovelha negra da família, Danny (Ben Mendelsohn). Rapidamente dá para perceber que a mãe tem um enorme sentimento de culpa relativamente ao mais velho, que se mantém e a impede de ver o verdadeiro (mau) carácter do primogénito.

 

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Aos poucos dá para perceber que a “família perfeita”, está longe de o ser. Tem “podres”, segredos negros, violência... passada e futura. No fundo o que o regresso de Danny faz é retirar o manto de hipocrisia que cobre a família e expor o lado negro. É verdade que ao longo da primeira temporada me apeteceu várias vezes estrangular Danny, com a sua postura desleixada e arrogante para com a família, com o ar de “todos me devem e ninguém me paga”. Mas depois apercebemo-nos do pacto de silêncio sobre a violência do patriarca em relação a Danny que o culpava da morte de uma das filhas num acidente no mar.

 

Sim, é verdade que a infância e adolescência de Danny não foi fácil, mas a personagem – extremamente bem construída – torna-se aquela pessoazinha irritante que todos temos na família (ou no grupo de conhecidos) que culpa o mundo e os outros por todas as asneiras e más opções que tomou ao longo da vida. Num registo “tudo o que eu fiz de errado na vida a culpa é vossa”. E mesmo na segunda temporada, mesmo depois de morto, Danny continua a influenciar a vida dos irmãos.

 

Na segunda temporada, depois da morte de Danny, aparece o filho Nolan - igualmente irritante como o pai e igualmente a culpar a restante família – que nem sequer sabia da sua existência - pela sua infância negligenciada e difícil (e sim também despertou em mim alguns instintos homicidas). A mãe de Nolan, Eve (Andrea Riseborough) e Ozzy (John Leguizamo), um amigo manhoso e manipulador de Danny.

 

Depois do assassinato do irmão, os três sobreviventes tentam fingir que nada aconteceu, mas o sentimento de culpa está lá e tudo tem um preço. O instável Kevin ficou com umas quantas doses de coca para uso próprio – o que nunca é uma boa ideia - , Meg tenta adaptar-se à sua nova vida em Nova Iorque – mas os problemas do Sul não a deixam em paz - e John acha que a melhor forma para controlar as investigações que podem levar à sua ruína é candidatando-se a Xerife do condado.

 

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Mesmo depois de morto Danny continua a manipular as acções dos irmãos. Sabendo do seu desejo de não envolver o nome dos Rayburn em escândalos e proteger a mãe dos problemas subsequentes, cada um dos irmãos, principalmente John, afunda-se mais e mais num monte de mentiras. Tudo o que John fez para proteger Danny vira-se contra ele...

 

“It’s all about Danny, still... He doesn’t f** go away!”

 

 

Desde quando a erva passou a ser mainstream?!

Estava eu outro dia muito sossegadinha a ver a série com a Lilly Tomlin e a Jane Fonda quando de repente me apercebo: “A erva deixou de ser uma coisa chunga! É completamente mainstream!”

É verdade que já tinha sido uma “personagem de relevo” em séries como “Californication” ou “Weed” – o nome não engana tal como o algodão - mas estas séries eram um tanto ou quanto marginais, e a erva manteve sempre o seu quê de ilícito, má reputação...

Ora o meu espanto foi que tinha à frente (no ecrã da televisão entenda-se) duas senhoras de provecta idade a fumarem um charro!

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Não me interpretem mal (ou interpretem, como queiram), não estou aqui a fazer nenhum juízo de valor sobre o consumo dos sucedâneos do cânhamo. Aliás até acho que a postura da sociedade face a este tópico é um bocado hipócrita. Mas isso será tema para outro post.

O que acho piada e algo arrojado nesta série é o facto de ser protagonizada por duas senhoras na casa dos 70 anos – Jane Fonda e Lily Tomlin - e mesmo entre algumas queixas de reumático e falta de audição (selectiva) por parte das personagens, não são chatas, monótonas como muitas vezes os séniores (“terceira idade” já é uma expressão muito démodé) é retratada.

Quando estão a lidar com um drama complicado na sua vida pessoal, ou porque é sábado à noite e precisam de relaxar, ou porque a série se passa nos EUA e Woodstock fez parte da sua juventude, ora não é que as senhoras consomem “ervas terapêuticas”. Contudo, não deixam de focar os problemas de adição, o qual afecta o filho de uma das personagens (não de forma dramática).

Será que a sociedade, os argumentistas estão a deixar de ser tão hipócritas e a repercutir padrões perfeitamente estereotipados, para algo mais próximo da realidade? Quem tem 70 anos parece que já não tem que usar carrapito na cabeça, ser avozinha/o que leva os netos aos tempos livres e dá conselhos sábios e ponderados aos jovens em momentos de inquietação espiritual.

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É interessante uma série de televisão mostrar alguém a consumir “ervas terapêuticas” e não ser um meliante. (Aliás beber um copo de vinho por semana não faz de ninguém alcoólico, pois não?)

Não estou a fazer a apologia do consumo do que quer que seja, mas estou contente pelas séries de TV não serem tão estereotipadas como costumavam ser.

 

E se os Aliados tivessem perdido a Guerra?

No ano em que se assinala o final da 2.ª Guerra Mundial, faz-nos bem pensar como seria o mundo se os vencedores tivessem sido outros. O que teria acontecido à Europa aliada? E aos Estados Unidos?  É isso que o romance de Philip K. Dick, "The Man in the High Castle" faz e que este ano chega à televisão sob o olhar do realizador Ridley Scott, mais conhecido pelas icónicas longas metragens: Alien e Blade Runner.

A série é produzida pela Amazon e mantém o nome do livro de 1962 - “The Man in the High Castle”. Em Portugal ainda não tem data ou canal de estreia, mas espero que os operadores nacionais tragam uma bela surpresa na próxima temporada televisiva.

Para aguçar o apetite aqui fica o trailer: